segunda-feira, 22 de março de 2010

Pensar acaba sendo inevitável.

Nublado, meu dia hoje foi assim, sem graça, sem cor. Hoje eu senti aquele friozinho na pele, que há tempos não sentia. Quando os pelinhos do braço se erguem, formando várias bolinhas na pele e você sente aquele arrepio. E particularmente eu adoro o frio, adoro vento gelado na cara, me faz sentir mais liberta, com meus cabelos grudando nos lábios, e minha pele seca, minhas bochechas rasadas, me obrigando a cruzar os braços e fazer um bico pedindo algo pra esquentar. E hoje caio a maior chuva, me fez ficar em casa, de baixo do edredom, pensando na vida, e esse pensamento me consumiu o dia inteiro, me fez entender e compreender coisas que até ontem pareciam não ter soluções nem explicações, me fez entender que o remédio pra tudo que eu venho sentindo é parar de pensar, exatamente, hoje pensando eu descobri que a solução é parar de pensar. Parar de tentar entender tanto as coisas, parar de fritar meu cérebro imaginando o que os outros estão fazendo, pensando e sentindo. Alias se nem eu me entendo como vou conseguir entender os outros? Parei. Hoje eu decidi que ou as coisas vão acontecer porque tem que acontecer, ou não vão. Hoje eu larguei mão de implorar por um sentimento, ou você sente, ou você nunca vai sentir, e eu nunca vou conseguir mudar isso. Larguei mão de colocar todos em primeiro lugar, sendo que o que eu mais queria era ser posta em primeiro lugar por alguém, e como isso não acontece, eu mesma vou-me por em primeiro lugar, vou me amar mais, vou prestar mais atenção em mim, em que eu acho correto e no que me completa e me deixa mais feliz. Vou parar e prestar mais atenção nas propagandas bobinhas e rir porque são bobinhas, vou parar de olhar tanto pro celular esperando algo que eu sei que não vai chegar e não vou tentar descobrir porque não vai chegar. Vou olhar as nossas fotos, por me fazer lembrar de coisas boas e não porque eu preciso olhar pra tentar entender o porquê de não estar tudo tão perfeito. Vou rir até a barriga doer, das piadas ridículas contadas pelos excluídos do colégio, mais que no fundo eu só não ria porque eles eram os excluídos, mais que na verdade tem graça sim, eu só não admitia, ou não me permitia. Vou deixar você ver que eu faço falta, que você precisa de mim, ou não, ou você nunca vai conseguir ver isso, mais eu não vou mais chorar por isso, eu vou ficar aqui, pro que você precisar, se você precisar, e um dia eu vou parar de escrever e te mostrar o texto que eu fiz quando a gente brigou, e eu nunca tive coragem de mostrar pra ninguém, porque é tão meloso, tão melancólico que até eu sinto nojo, é, é verdade, eu não sou emo, franja não significa nada, nem música, nem quando você se desidrata de tanto botar lágrimas pra fora, nem quando você se isola em um canto querendo que o mundo se exploda, ou você mesmo quer fazer isso, ou quando você pinta o olho com lápis preto, só pra ficar mais bonita, ou porque você simplesmente gosta, ou porque ele gosta, nem porque você usa um nike de cano alto, ou cano baixo, ou sem cano. Eu não entendo essa mania que o ser humano tem de dar nome a tudo, se você faz isso você é isso, se você ouve esse tipo de música você é considerado cicrano. Não, eu não sou cicrano nem fulano, eu sou eu, Tallita, 16 anos, quase 17, daqui a alguns meses, é, ouço músicas lentas, e rápidas, agitadas, dançantes ou chorantes, não me dôo pela metade, não sou quase amiga de ninguém, ou sou amiga, ou não sou. Choro pra caralio, por tudo, com filme, com música, com um ‘não’, com algo que não me agrada, com palavras que me ferem, afinal e sou humana, tenho defeitos e qualidades, apesar de achar que tenho mais defeito e odiar errar tanto, mais eu acho mesmo que errar faz crescer, faz amadurecer, faz bem pra porra. É, e no fim, pensar acaba sendo inevitável.

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